Se consultarmos o dicionário ele nos indicará tratar-se de pessoa vinculada ao Espiritismo. Se perguntarmos a quem não é espírita, uns ironizam (dizendo por exemplo que os espíritas "mexem" com os mortos), outros temem, outros permanecem indiferentes. Se indagarmos aos próprios espíritas, uns dirão que é ir ao Centro, tomar passe, ouvir ou fazer palestras, ler livros. Outros dirão que é fazer caridade. As respostas serão várias, mas todas incompletas. O melhor então é buscarmos nos livros da própria Codificação, a partir de O Livro dos Espíritos.
Em O Livro dos Espíritos, na conclusão (item VII), o Codificador apresenta uma classificação dos adeptos:
- Os que acreditam;
- Os que acreditam e admiram a moral espírita; e
- Os que crêem, admiram e praticam. Segundo Kardec, esses últimos são os verdadeiros espíritas, ou os espíritas cristãos.
Professar significa reconhecer publicamente, declarar-se adepto, dizer de si mesmo, fazer propaganda da idéia. Pois bem, aí está a chave da questão. A situação de felicidade do Espírito devia-se à vivência dos princípios do Espiritismo, mesmo sem conhecê-lo.
Breve consulta ao capítulo XVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo no item O Homem de Bem e Os bons espíritas, faz compreender que as características coincidem com os preceitos morais que justificam a denominação de espíritas cristãos, conforme definição do próprio Codificador, pois aí surge a figura do espírita praticante.
A questão pode ser fechada com trecho do Espírito Simeão, constante do capítulo X - do mesmo livro citado no parágrafo anterior -, item 14. No último parágrafo, diz o Espírito: "(...) Se vós vos dizeis espíritas, sede-o pois; olvidai o mal que se vos pôde fazer e não penseis senão uma coisa: o bem que podeis realizar. (...)".
Ora, o trecho transcrito bem indica o programa de vivência espírita. Para colocá-lo em prática, há que se esforçar para vencer as más tendências e ainda ocupar-se de fazer o bem. Eis o que é verdadeiramente ser espírita: a adoção dos preceitos morais como diretrizes da própria conduta ou o esforço para a eles se adaptar. O ser espírita é mais uma questão de foro íntimo, que de aparências externas.
Por Orson Peter Carrara
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