sexta-feira, 29 de junho de 2012

Doutrina espírita

Doutrina espírita ou espiritismo segundo a definição de seu codificador, o pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail - que adotou o pseudônimo Allan Kardec - é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.
A doutrina espírita é baseada nos cinco livros da Codificação Espírita (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, A Gênese. ) descrita pelo educador francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, sob o pseudônimo de Allan Kardec, descrevendo sessões em que ele observou uma série de fenômenos que atribuiu à inteligência incorpórea (espíritos).
Seu trabalho foi posteriormente prorrogado por escritores como Léon Denis, Arthur Conan Doyle, Camille Flammarion, Ernesto Bozzano, Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco, Waldo Vieira e outros.
O Espiritismo tem adeptos em muitos países em todo o mundo, incluindo Espanha, Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Argentina, Portugal e especialmente em alguns países americanos, como Cuba, Jamaica e Brasil, que tem uma das maiores proporções e o maior número de seguidores do espiritismo em sua população.

Princípios

Nascido no século XIX, no dia 18 de Abril de 1857, com a publicação de O Livro dos Espíritos, o Espiritismo se estruturou a partir de diálogos estabelecidos por espíritos desencarnados que, se manifestando por meio de médiuns, discorreram sobre temas religiosos sob a ótica da Moral Cristã, ou seja, tendo por princípio o amor ao próximo. Desta forma foi estabelecido o preceito primário da Doutrina, de que só é possível buscar o aprimoramento espiritual através da caridade aos semelhantes (Lema: Fora da caridade não há salvação), além de trazer a luz novas perspectivas sobre diversos temas de grande relevância filosófica e teológica.
O Espiritismo pretende chegar à compreensão da realidade mediante a integração entre as três formas clássicas de conhecimento, que seriam a ciência, a filosofia e a religião. Segundo Kardec, cada uma delas, tomada isoladamente, tende a conduzir a excessos de ceticismo, negação ou fanatismo. A doutrina espírita se propõe, assim, a estabelecer um diálogo entre as três, visando à obtenção de uma forma original que, a um só tempo, fosse mais abrangente e mais profunda, para desta forma melhor compreender a realidade. Kardec sintetiza o conceito com a célebre frase: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão em todas as épocas da humanidade”.
É importante ressaltar ainda que, quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria é, por definição, espiritualista, independente de sua religião, sendo, portanto, o espiritualismo enquanto oposição ao materialismo, o pilar fundamental da maioria das doutrinas religiosas. No caso do Espiritismo (neologismo criado por Kardec), a principal diferença entre esta doutrina e a maioria das demais religiões é sua crença na possibilidade de comunicação entre o mundo corporal e o mundo espiritual, contudo, a fé nesta possibilidade de comunicação gera grande confusão por parte dos leigos entre o Espiritismo e as religiões afro-brasileiras, contudo, cada uma delas possui origens completamente distintas umas das outras.
Allan Kardec, em "Obras Póstumas", propõe que o espiritismo seja uma doutrina natural, passível de ser interpretada ou não como religião pelos homens, isto é, capaz de colocar o homem – ou o espírito – diretamente em relação com Deus.
A doutrina espírita, de modo geral, fundamenta-se nos seguintes pontos:
  • Na existência e unicidade de Deus;
  • Na existência e imortalidade do espírito, compreendido como individualidade inteligente da Criação Divina (para Kardec, a ligação entre o espírito e o corpo físico, é feita por meio de um conectivo "semimaterial" que denomina de perispírito);
  • Na defesa da reencarnação como o mecanismo natural de aperfeiçoamento dos espíritos;
  • No conceito de criação igualitária de todos os espíritos, "simples e ignorantes" em sua origem, e destinados invariavelmente à perfeição, com aptidões idênticas para o bem ou para o mal, dado o livre-arbítrio;
  • Na possibilidade de comunicação entre os espíritos encarnados ("vivos") e os espíritos desencarnados ("mortos"), por meio da mediunidade (Essa comunicação é realizada com o auxílio de pessoas com determinadas capacidades - os médiuns, como por exemplo a chamada psicografia.);
  • Na Lei de Causa e Efeito, compreendida como mecanismo de retribuição ética universal a todos os espíritos, segundo a qual nossa condição é resultado de nossos atos passados;
  • Na pluralidade dos mundos habitados, a ideia de que a Terra não é o único planeta com vida inteligente no universo.
Além disso, podem-se citar como características secundárias:
  • A noção de continuidade da responsabilidade individual por toda a existência do Espírito;
  • Progressividade do Espírito dentro do processo evolutivo em todos os níveis da natureza;
  • Volta do Espírito à matéria (reencarnação) tantas vezes quantas necessárias para alcançar a perfeição. Os espíritas não creem na metempsicose.
  • Ausência total de hierarquia sacerdotal;
  • Abnegação na prática do bem, ou seja, não se deve cobrar pela prática da caridade nem o fazer visando a segundas intenções;
  • Uso de terminologia e conceitos próprios, como, por exemplo, perispírito, Lei de Causa e Efeito, médium, Centro Espírita;
  • Total ausência de imagens, altares, etc;
  • Ausência de rituais institucionalizados, a exemplo de batismo, culto ou cerimônia para oficializar casamento;
  • Incentivo ao respeito para com todas as religiões e opiniões.
Embora a Doutrina Espírita não seja oriunda do Brasil, este é o país que possui a maior quantidade de adeptos. A Federação Espírita Brasileira, que integra o Conselho Espirita Internacional, é a principal entidade divulgadora da Doutrina Espírita no Brasil.
Brasil
Minoritário em praticamente toda a Europa no século XIX, o Espiritismo chegou ao Brasil em 1865. Teve através de Bezerra de Menezes e Chico Xavier a oportunidade de se popularizar, espalhando seus ensinamentos por grande parte do território brasileiro. Hoje, o país é o que reúne o maior número de espíritas em todo o mundo. A Federação Espírita Brasileira – entidade de âmbito nacional do movimento espírita – congrega aproximadamente dez mil instituições espíritas, espalhadas por todas as regiões do país.
Atualmente, o Brasil possui 2,3 milhões de espíritas, de acordo com o censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000. Com efeito, o IBGE trata os termos Kardecismo e Espiritismo como equivalentes em sua classifição censitária.
Terceiro maior grupo religioso do País, os espíritas são, também, o segmento social que têm maior renda e escolaridade, segundo os dados do mesmo Censo. Os espíritas têm sua imagem fortemente associada à prática da caridade. Eles mantêm em todos os estados brasileiros asilos, orfanatos, escolas para pessoas carentes, creches e outras instituições de assistência e promoção social. Allan Kardec, o codificador do espiritismo, é uma personalidade bastante conhecida e respeitada no Brasil. Seus livros já venderam mais de 20 milhões de exemplares em todo o País. Se forem contabilizados os demais livros espíritas, todos decorrentes das obras de Allan Kardec, o mercado editorial brasileiro espírita ultrapassa 4.000 títulos já editados e mais de 100 milhões de exemplares vendidos.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre com adaptações

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